segunda-feira, 10 de agosto de 2015

bronha triste para uma garota sem biquini.

fiquei lá,
sentado
imaginando

você sorrindo...

segurando meu pau na mão
me pagando um boquete

enquanto o palhaço
se desmanchava
apertava tua bunda
branca, pelada,
te puxava
pela cintura morena

... gozei, não me aguentei.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Vermelha e suculenta.

ATENÇÃO SENHORES PASSAGEIROS, O TERMINAL RITA MARIA INFORMA. LINHAS COM PARTIDA ÀS DEZOITO HORAS E QUINZE MINUTOS. EMPRESA ANJOVERDE, COM DESTINO A CARAVAGGIO, EMBARQUE NO PORTÃO B, PLATAFORMA 12. EMPRESA ITUPEGRAND, COM DESTINO A LEBON RÉGIS, EMBARQUE NO PORTÃO A, PLATAFORMA 5. EMPRESA RODA-BRASA, COM DESTINO A POMERODE, VIA GRAJUZINHO, EMBARQUE NO PORTÃO C, PLATAFORMA 17. EMPRESA PALOALTO, COM DESTINO A GAROPABA, EMBARQUE NO PORTÃO B, PLATAFORMA 11.

Passavam três minutos das seis da tarde. Tirei meu bilhete do bolso da camisa e me dirigi ao portão indicado. Passei o bilhete ao porteiro que conferiu, destacou o canhoto, me devolveu o bilhete e disse, boa viagem. Subi os degraus que davam no corredor do veículo e percorri pouco mais que meio caminho. Poltrona 23. Na medida do possível procurei me acomodar na poltrona. Aos poucos os passageiros iam se distribuindo pelas poltronas. Observava cada um que entrava no ônibus. A maioria gente pouco interessante. Um rapaz de boné, uma velhinha gorda, uma velhinha magra, um homem negro de paletó, uma mulher de meia idade com os cabelos despenteados e uma criança no colo, uma gostosa, outra gostosa, mais duas gostosas juntas rindo de alguma coisa. Um homem de quarenta anos, tão comum que não havia como descrevê-lo. Olhou seu bilhete e seguiu pelo corredor procurando sua poltrona, passou por mim e seguiu para os fundos do ônibus. Em seguida voltou, parou ao meu lado, olhou o bilhete, depois a numeração da poltrona, em seguida o bilhete novamente e disse, é aqui. Na loteria dos bilhetes rodoviários nunca ganhava uma gostosa como prêmio.

Eram seis e dezessete quando o motorista engatou a ré, manobrou o ônibus e em seguida partiu rumo a Garopaba. Passaria as próximas duas horas percorrendo trechos sinuosos e esburacados até chegar em casa. E como o bilhete não era premiado, seriam duas horas meditativas, altamente filosóficas, em que muito pensamento bom seria criado para depois se perder ao vento. Isso se não houvesse o infortúnio de ter que enfrentar algum trecho de longa fila causada por mais um acidente.

A viagem seguia já em seu quarto de hora quando o homem ao meu lado resolveu emplacar um diálogo fazendo um comentário qualquer.

- O ônibus hoje vai cheio. – Disse ele.
- É.
- Mais duas ou três paradas e vai ter gente viajando de pé.
- Pois é.
- Tomara que não tenha nenhum acidente.
- Tomara.
- Indo para Garopaba?
- Sim.
- Mora lá?
- Moro.
- Eu não, desço em Paulo Lopes. Moro lá. Sou de Concórdia, mas moro em Paulo Lopes.
- Uhm.
- Faz três anos. É de Garopaba?
- Não, de Florianópolis. Estou em Garopaba há pouco mais de um ano.
- Terra boa.
- Gosto de lá.
- Mora onde lá?
- No Ouvidor.
- Ó sim! Bela praia. Muito bonita mesmo. É uma praia muito querida. Quando desço para Garopaba sempre passo por lá. Gosto muito de lá.
- É, bonito realmente.
- Trabalha lá?
- Sim.
- O que fazes?
- Crio codornas.
- Uhm.
- É.
- Mora com a família?
- Sozinho.
- Moro com minha esposa.
- Que bom.
- Uma bela mulher. Tenho uma foto dela aqui comigo, sempre ando com uma foto dela comigo. Deixa eu te mostrar. – E dizendo isso ele abriu a bolsa que carregava no colo e puxou de lá a fotografia. – Olhe, essa é ela. – Era uma foto 15 x 20 de uma bela plantação de melancias. Olhei para ele, depois para a foto, para ele novamente e em seguida fixei meu olhar na fotografia.
- Ó sim! É uma bela mulher. Deveras. – Disse a ele.
- Não te disse! – Respondeu ele sorridente e orgulhoso.
- E essas ao redor dela? – Perguntei a ele me referindo às outras dezenas de melancias.
- Todas minhas esposas. São dezenas delas. E cada nova que nasce e cresce tomo para mim como esposa.
- Por Deus! Um harém e tanto! E me conte, são boas amantes?
- Ó sim! Sim! As melhores que já tive. Depois de seis casamentos frustrados, encontrei nelas o amor que eu buscava.
- Imagino que sim! Parecem ser mulheres e tanto!
- E são! Não tenha dúvidas disso!
- Ó não, não...
- Passei três dias na capital. Elas certamente estão morrendo de saudades de mim. A noite hoje vai ser boa!
- Opa! Muito amor, hã?
- Demais, demais! Escolho a maior e mais redonda, uma bem suculenta. Tiro do quintal e levo para meu quarto. Ponho ela em cima da cama e nessa hora sinto que ela já está quente de tesão. Quente mesmo, fervendo! Depois vou tomar um banho daqueles para ficar limpo e cheiroso para o meu amor. Rá! Pego a faca que já está esperando do lado da cama e abro uma bela fenda em um dos lados dela, tiro a tampa e ela me mostra toda aquela carne vermelha suculenta. Por Deus! Juro que depois disso não agüento mais nem um segundo e meto minha coisa dura e roxa dentro dela. Pra valer, forte! Nos amamos a noite inteira. Ufa! Que mulher! Só em pensar...
- Cara de sorte. Com todas essas mulheres complicadas que esbarramos por aí você conseguiu encontrar aquela que procurava.
- É sim, encontrei. Agora deixa eu levantar que já está perto do meu ponto.
- Certo, felicidades e boa diversão.
- Ó! Obrigado! Até mais.

Ele desceu e o ônibus partiu. Peguei meu telefone e liguei para Rosanete. “Oi... Sim, Alvarêz...Estou bem e você... Mesmo? Uau! Por essa eu não esperava... As codornas estão bem,  mas tô pensando em entrar pro ramo das melancias... Quero te ver... Sim, sim, eu sei, mas relacionamentos são assim baby... Não, prometo não gritar com você... É eu sei, mas você não pode ser tão agressiva... Claro que é, da última vez você quase que me leva a nocaute com aquele vaso de porcelana... É, eu não devia ter feito, eu sei... Ei, baby, gosto de você e você sabe disso... A maneira como você requebra, e a sua língua quente trabalhando minhas bolas... Gosto, e como gosto!... Certo, que horas?... Me espere toda nua, peladinha, de perna aberta, quero cair de boca nessa sua carne vermelha suculenta... É? Não perdes por esperar... Até.”

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Dylan, Bukowski, violão e uma dona.

Era o diabo de uma noite quente, daquelas. Era, também, a última noite da temporada de verão no Bar de Tróia, boa parte dos turistas já tinham ido embora para suas casas, o que deixou a cidade e o bar quase vazios, naquela noite. Não importava, lá estava eu e meu violão mandando ver nos clássicos de Bob Dylan, Neil Young e Alvarêz Dewïzqe madrugada à dentro.

Havia uma dona sentada lá no fundo do bar, bebendo e fumando, sozinha. Resolvi fazer um intervalo antes do programado e ir lá sentar com ela.

- Baby.
- Oi.
- Sozinha aqui no canto escuro do bar?
- Sim, te vendo cantar. Adoro Bob Dylan.
- Ele é o melhor.
- Gosto mais da tua voz.
- Baby, ele é o melhor.
- Já terminou o show?
- Não, parei para um intervalo.
- E eu já estou indo, amanhã levanto cedo para trabalhar.
- Espere mais um pouco, peça outra cerveja, fique até o final e depois a gente bebe junto, a noite ainda é jovem.

Ela fiz sinal para o garçom trazer mais uma e eu voltei para meu posto e mandei mais algumas do meu repertório, louco que o relógio batesse em 3.AM para eu desligar meu violão e ir sentar com aquela dona.

Havia tristeza em seu olhar. Ela me olhava, tragava seu cigarro e bicava sua cerveja. Qualquer que fosse a música ou vento que soprasse, lá estava ela com seus olhos grudados em mim, me convidando para largar o palco e levá-la embora.

Às 3 eu agradeci a presença das poucas moscas de bar presentes naquela noite, desliguei tudo  e fui lá sentar com ela. Ela pediu uma cerveja para mim. Bebemos e conversamos um pouco sobre a vida. Ela era quinze anos mais velha que eu, havia perdido o marida há cinco anos e a filha há um e meio. Estava nesse emprego temporário de verão e não sabia se continuaria por ali ou se voltaria para sua cidade natal. Mas tudo isso era para o dia seguinte, foi até o balcão, pediu mais algumas cervejas, fechou a conta e me carregou para o apartamento dela.

Estacionei o Do Amor bem em frente ao prédio onde ela morava. Subimos um lance de escadas até a porta de seu apartamento. Entramos. Saquei uma de suas cervejas, que ela havia gentilmente guardado no congelador de seu refrigerador, abri e mandei uma mamada daquelas, goela abaixo.

- Bukowski! – Disse ela, sorrindo.
- Como?
- Bukowski, o escritor. Você parece o Bukowski, tem esse jeitão...
- Charles Bukowski, baby, é dele que você está falando?
- Conhece?
- Ele é o melhor.
- Como o Dylan...
- Isso. – Mandei mais uma mamada, larguei a garrafa sobre a mesa e sem mais meia palavra colei minha boca na dela. Joguei a língua lá dentro e num instante estávamos jogados um sobre o outro no sofá-cama da sala.

Desespero. Era isso. A noite da celebração do desespero, pelas perdas dela, que nem o nome eu sabia, e pela minha solidão. Fútil e histérico, como o assassinato ao vivo em rede nacional e a liquidação de inverno. O inferno que nos espera em seus braços quentes e afetuosos, não só uma, mas dezenas de vezes e mortes e promessas não cumpridas. Um barquinho branco contra a luz do sol, deformando o horizonte, voltando para casa sem peixes. A galinha constipada dos ovos de ouro. O medo do sol, terrível, nos jogando na cara todas as verdades que tentamos em vão afogar, mais uma vez, na noite passada. E no fim só nos resta a heróica covardia para nos manter vivos. Uma mulher nua sobre o sofá e toda verdade sobre a humanidade.

Trepamos. Bebemos. Fumamos. Falamos todo tipo de bobagem e depois rimos de tudo. Até o sol aparecer.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Foda à crédito.

Estava lá escorado no balcão tomando meus chopps, experimentando toda a variedade de chopps da casa, e esperando que a sorte me jogasse nos braços de alguma garota.

Tinha uma banda tocando grunge. Eles davam conta do recado, mas as pessoas no bar não pareciam muito animadas. De vez em quando balançavam a cabeça pra lá e pra cá, e nada mais.

Uma menina que eu havia fodido com violência chegou com seu namorado e fingiu não ter me visto, ou não me conhecer. Queria poder fode-la de novo, mas o negócio dela não era comigo.

A banda anunciou que faria um intervalo e resolvi que era hora de cair fora. Bola, o dono do bar, amigo meu, pegou minha ficha, bateu na calculadora e rabiscou o valor total. Tirei umas notas da carteira e paguei o valor devido. Nos cumprimentamos em despedida e eu disse - Bota mais um chopp pra mim, do mais barato, por conta da casa - Bola riu, puxou um caneco da prateleira e mijou chopp gelado dentro dele. Peguei meu caneco de chopp e voltei para o balcão. Quando eu estava terminando meu chopp grátis, a banda voltou para o palco. Olhei em volta, as mesmas pessoas balançando a cabeça pra lá e pra cá. Entornei meu caneco, fui até o Bola e disse – Coloca aí pra mim o chopp mais amargo que você tiver – Bola riu e encheu outro caneco.

Kurt Cobain, Layne Staley, Ed Vedder, Scot Weiland. A banda lascava uma atrás da outra, só os clássicos, a guitarra distorcida fazia o chopp tremer no caneco. E a turma balançando a cabeça pra lá e pra cá, de vez em quando.

Eu precisava de uma foda.

- Bola, quanto foi esse chopp?
- Por conta da casa. – Disse ele, dando três cascudos no balcão.
- Hey, cara, melhor chopp da cidade. Vou nessa.
- Volta logo, Alvarêz, vamos agendar uma data pra você fazer um Rock Caipira aqui na caverna.
- É só chamar, marca aí na agenda que eu venho.
- Beleza.
- Fechou, abraço!
- Valeu, Alva, até.

Cruzei o bar, fiz sinal para o pessoal da banda e me mandei.

Entrei no Do Amor, dei a partida e eu realmente precisava de uma foda. Fui para o centro da cidade e dei uns três giros em frente aos puteiros da capital, mas nenhum parecia legal. Lembrei que lá pras bandas de Tijuquinhas, nas margens da 101, eu havia passado em frente à algumas casas com luzes vermelhas e que aquela seria uma boa oportunidade para conhecer umas casas novas. Peguei a Via Expressa e pisei no acelerador. Antes de tomar a BR parei no posto de gasolina e peguei uma verdinha pescoçuda. Saí do posto e pisei fundo pela rodovia, saquei fora a tampa da cerveja e desafiando a lei segui com uma mão no volante, a outra na cerveja e os olhos fixos na estrada.

Cruzei São José, Biguaçu, São Miguel, e lá na frente peguei o retorno de Tijuquinhas. Acelerei de volta e logo avistei as luzes vermelhas.

Parei o Do Amor em frente a casa.

Entrei.

Tinha uns caras lá, abraçados com umas meninas. Dei um giro por dentro do bar. Tocava um tecno brega na Jukebox e eu fiquei balançando minha cabeça pra lá e pra cá, me fazendo de interessado. Mas não seria ali que eu conseguiria uma foda, o lugar era pura depressão.

Caí fora. Entrei no Do Amor, acelerei na marcha-ré, engatei a primeira e peguei novamente a BR. Segui devagar pelo acostamento, logo em frente havia outra casa.

Parei numa subida, ao lado do bar, o estacionamento em frente estava todo ocupado. Entrei na casa e vi que tinha umas meninas sobrando. Tocava qualquer porcaria na Jukebox e eu balancei a cabeça pra mostrar estar animado e pronto pra diversão. Fui no balcão e pedi uma cerveja. Girei pelo salão com minha cerveja na mão, fui até a Juke pra ver o que tava rolando, mas só pra fingir interesse, eu queria mesmo uma foda. Voltei no balcão, tinha duas meninas lá conversando e rindo. Me meti na conversa.

- Babyes.
- Baby, que prazer recebe-lo aqui.
- Baby, você nem me conhece, posso ser um sujeito desagradável.
- Aposto que não.
- Aposto que você quer uma cerveja.
- Aposto que sim.
- Pede logo uma, vamos beber nós três.

A cerveja veio e eu colei na outra, que até então não havia dito nada, apenas sorria e me olhava. Era uma índia de cabelos muito longos, peitos muito grandes e coxas enormes. Puxei ela e a cerveja para o salão. Escolhi uma mesa e sentamos para um dedo de prosa.

- Baby, você é gostosa.
- Gostou de mim?
- Pode ter certeza. Quero ver o que tem aí debaixo.
- Vamos lá pro quarto que te mostro.
- Quanto é a hora?
- 100 meu e 30 do quarto.
- 100 você e o quarto, topa?
- 100 meu e 30 do quarto.
- Só tenho 100.
- Ah, que pena, tô morrendo de vontade de fazer um monte de coisas gostosas com você.
- Que coisas gostosas você vai fazer comigo?

A isso ela respondeu cochichando em meu ouvido e massageando meu pau. Eu disse. – Vamos nessa.

Fomos até o balcão e passei o cartão no crédito. 100 uma hora, 30 do quarto e 20 mais uma cerveja. 150. Olhei a hora pra não ser passado a perna. 03:41 da madruga. – 3 e 41, baby. – Eu disse a ela. – Uma hora é uma hora. – Complementei.

Pegamos uma ducha, antes. Ensaboei ela de cima abaixo, caprichei na xoxota, no rego, deixei ela bem lavadinha, bem limpinha. Nos secamos e fomos para a cama. Pedi que ela deixasse só as luzes vermelhas ligadas. Me joguei pra cima. Chupei aquela menina de cima abaixo. Ela era toda feita de carne morena, toda rígida, toda volumosa, grandes coxas, grandes tetas. Ela não perdeu tempo e se atracou no meu pau, feito uma bezerra faminta.

Desmamei ela, empurrei ela sobre a cama e cravei meu pau na boceta dela. E lá estava eu me servindo da foda que eu precisava.
Ficamos ali metendo, metendo, metendo. Uma foda daquelas, por cento e cinquenta pilas.

Eram umas 04:26 quando tirei ela do quarto e voltamos para o salão. Soltei umas notas de dois pilas na mão dela e pedi que ela escolhesse umas músicas pra gente dançar. Fui no balcão e peguei uma cerveja. O cara no balcão disse que eu não poderia ficar sem camisa no bar. disse a ele que iria no quarto pegar minha camisa. Peguei a cerveja e voltei para o salão. Puxei minha índia e dancei à vontade com ela, eu havia tido uma foda rejuvenescedora e estava cheio de energia por conta disso. Dançamos as seis músicas e estava tão gostoso que ela me convidou para passar mais um tempo com ela no quarto, por conta dela.

Fechamos a porta do quarto e demos mais uma bela trepada. O encaixe d’eu nela foi perfeito. A foda que eu precisava. Ela confessara gostar de vara, e eu metia a vara nela. Eu confessara estar precisando de uma boa boceta, e ela abocanhava meu pau com sua boa boceta.

Lá pelas tantas, quando já se podia ouvir os caminhões passando um depois do outro na BR, o dono da casa começou a bater repetidas vezes na porta do quarto. Olhei a hora, eram quase 6 da manhã.

- Temos que ir.
- Não quero parar.
- Eu também não.
- Eu durmo aqui, contigo.
- Não posso, não durmo aqui.
- Vou contigo pra tua casa.
- Não posso. Pega meu telefone, me liga mais tarde.

Peguei o número dela, me vesti e me mandei. Entrei no do Amor. O dia já estava claro. Acelerei bêbado pela BR, de um jeito que facilmente me encrencaria com os guardas.

Mas todo vagabundo tem sorte.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Poema para um cigarro apertado.

quero acender
um palheiro daqueles,
baby, apertado,

mas, porra, acredita
que fiquei sem fogo?

sexta
meu isqueiro
ficou no teu carro,
antes de invadirmos
as primeiras horas
de sábado,
em chamas,
no fusca do amor,

acabou o fósforo
e meu fogão
não tem
acendimento automático.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O bar no final da rua.

Era uma noite quente em Garopaba e eu queria mamar umas cervejas. Preferia em casa, sossegado, mas não tinha cerveja em casa e a mercearia em frente já estava fechada àquela hora. Então não me restava outra saída, senão o bar no final da rua.

O problema do bar é que a gente corre o sério risco de cruzar com uns caras prontos para nos roubar a solidão, um desses que vem sentar ao seu lado e puxa conversa sobre qualquer assunto estúpido, esperando por sua amizade e compreensão.

Peguei o Do Amor e fui até o bar no final da rua.

Entrei no bar e caminhei lado a lado com o balcão, até a última cadeira, lá no final.

O lugar não estava cheio, uma meia dúzia de bebuns espalhados pelos cantos. Puxei a cadeira e sentei, apoiei os cotovelos no balcão e fiz sinal para o garçom, que se aproximou. – Cerveja! – Pedi.

Olhei o bar em volta, de leve, para não chamar a atenção. Reparei que havia um homem jogado no chão. Ele estava com o rosto coberto de sangue. Tinha um pouco de sangue no chão, também. Virei de volta e logo o garçom veio com minha cerveja. Sentou o copo e a garrafa bem na minha frente e olhando para o sujeito no chão puxou conversa.

- Pobre Johnny. – Disse, enchendo meu copo.
 Virei um gole.
- Levou uma surra.
 Virei mais um.
- Mexeu com a menina de um dos fregueses, e deu no que deu.
- Nada mal, um belo serviço. – Respondi.
- Não sente pena dele?
- Não.
- Ele está mal.
- É... E quem nunca esteve?
- Cara, você é frio...
- É a cerveja.
- Frio pra burro! Você não tem coração?
- Todos temos um.
- Digo, um coração piedoso. Que tenha compaixão pelo sofrimento humano...
- Andam dizendo por aí que não.
- E você, o que diz?
- Eu bebo. – Disse eu, entornando um dos bons.
– Cara, você é frio! - Disse o garçom, e virando-se para os fregueses do bar, exclamou. – Ei, pessoal, temos aqui um cara com o coração frio pra burro! – Todos pararam o que estavam fazendo e me olharam. – É, esse cara tem o coração de pedra! Acreditam que não sente nem um pingo de dó do Johnny?! – Houve um burburinho. Pude ouvir quando uma dona que bebia sozinha num canto do bar fez “Ó!”. Daí o garçom se afastou e todos voltaram a fazer o que faziam. Que dizer, não faziam muito, basicamente bebiam suas cervejas.

Levantei minha cerveja e virei uma boa mamada, goela abaixo. Matei meia garrafa. Tomei ar e matei a outra metade. Fiz sinal para o garçom, ele se aproximou. Dessa vez pedi logo duas, assim evitava ao máximo fazer com que ele se aproximasse de mim.

Estava concentrado em minhas cervejas, quando percebi que alguém sentou-se ao meu lado, dois lugares depois de mim, à direita. Não olhei, continuei concentrado em minha cerveja.

- Cara. – Disse o sujeito sentado ao meu lado, mas fingi não ouvir. Ele, então, chamou mais alto. – Cara! – Não havia outro jeito, tive que olhar. Era o tal do Johnny.
- Cara, você é frio.
- Andam dizendo que sim.
- Você tem coração de pedra...
- É.
- ... E eu não gosto de você.
- Tudo bem, não é a primeira pessoa que diz não gostar de mim. E no final das contas é mais fácil não gostar do que gostar.
- Quer dizer que não se importa que os outros não gostem de você?
- As pessoas já gastam tempo suficiente gostando da TV.
- Você é frio, cara, e me parece meio louco, também. – Daí ele se virou para os fregueses do bar e disse. – Ei, pessoal! Esse cara aqui disse que não liga a mínima se vocês não vão com a cara dele! – De novo um burburinho. E de novo um “Ó!” veio do fundo do bar. Eu nada disse, emborquei minha cerveja e dei uma mamada daquelas, melhor que a primeira. Quando terminei de mamar na cerveja o sujeito já tinha caído fora.

Na outra ponta do balcão, à direita, estava um casal, haviam recém chegado ao bar. Ele ficava dizendo coisas para ela, e acariciando o braço esquerdo dela, do punho até o cotovelo, depois descia de volta até o punho, e novamente fazia o caminho de volta ao cotovelo. Ela apenas ria e emborcava seu conhaque com gelo. Ele pedia mais e mais conhaque, não deixava o copo dela vazio um minuto. E ela ria, e ria, e derrubava o conhaque pela goela.

Voltei a me concentrar em minha cerveja. E segui o resto da noite ali bebendo, solitário do jeito de dava.

Já era bem tarde da madrugada quando paguei minha conta e saí. Na verdade o dono do bar colocou todo mundo para fora, então acabamos saindo todos juntos.

Entrei no Fusca do Amor, dei a partida, engatei a primeira e acelerei.

Logo à frente, caminhando pela calçada, encontrei o casal que estava no bar. Ele continuava dizendo coisas para ela e alisando o braço dela, e ela continuava rindo. Parei do lado deles e fiquei observando. Ela me viu e sorriu para mim, daí eu gritei para ela, - Ei, baby, sabe que você se parece com a Janis Joplin? Você é a Janis Joplin? – Ela, então, abriu ainda mais o sorriso e cambaleou em minha direção. Foi aí que o cara me olhou, e olhou para ela. – Deixa eu ir com ele, sou a Janis Joplin! – Disse ela para ele. – Janis, entre no meu carro. – Eu disse para ela. O sujeito, então, se enfureceu e bradou. – Cai fora, cara, ela está comigo! - Ela continuava cambaleando, e rindo. – Cai fora! – Gritou o sujeito.

E foi o que eu fiz, engatei a primeira e acelerei. Cheguei em casa, me joguei na cama, mas não dormi, fiquei ali em silêncio, pensando, ainda com vontade de beber cerveja.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Jazz.

Chico é fácil,
da próxima vez
vou citar Leminski
dizer que Boldrin
é deus!
e pôr um jazz.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Primeiro poema dessa madrugada que começa.



Tem um apartamento
do outro lado da rua
bem de frente pro meu

Lá dentro
tem uma mulher
em cima de uma escada
pendurando a cortina

Cada vez que
ela estica os braços
e o vento sopra
seu vestido me mostra
fartos pelos negros
e os contornos da bunda

Fico aqui
sentado no sofá
enquanto meus olhos
atravessam a rua

Até que a cortina
começa a correr o trilho

Ondas, vagões
e eu a ver navios
esperando o próximo trem passar.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Madrugada.

eu e ela
a gente sabe como beber
daí eu disse:
"te quero
sério
tua alma
teu corpo é teu
quero tua alma"

no que ela respondeu
"minha alma ja é tua...
faz tempo"

biquei meu vinho
daí eu disse:
"teu corpo é só o portal para tua alma
quero conectar e me expandir
que seja cósmico
e metafísico
que seja tudo
baby
de verdade"

"adoro quando você bebe"

"eu também adoro quando eu bebo"

"fala
aquelas coisas que eu gosto de ouvir
vou amar"

"vamos foder"

daí fomos lá pra dentro.

sábado, 16 de agosto de 2014

Esse mundo gira, cara.

               para o Velho.

cara, esse mundo, ele gira
já sacou isso?
cada dia é outra história
se você pôr à prova,
amanhã a guerra estoura
mais uma
e você passou o dia
todo o dia
fazendo planos
sem pensar nisso,
entende a jogada?
o plano secreto é esse:
não faça planos
nem se renda as tentações.
ta chovendo lá fora, agora
e toda gente correndo
fugindo da chuva
é esse mundo, cara, ele gira.

cara, ame, pra valer
ame pra valer
mas não o bastante
vou te dizer, nada
nada é o suficiente
use, mas não desperdice
seu amor
seus sapatos
suas promessas
sua tolice,
esse mundo gira
cria ventos, tempestades,
e leva embora seu dia
hoje você bebe
amanhã pode ser ressaca.

o mundo gira,
nossa, como gira
deixa teu mundo girar
cara, ele é teu
o que hoje, tão distante, não é
amanhã pode ser
e depois de amanhã, e depois
nem vai parecer
que já não foi.
deixa girar
e você vai sacar.

toque fogo, cara,
fogo ao teu juízo,
fogo ao que
foge ao teu juízo
o mundo gira
e amanhã, esteja certo
não serão nem brasas.
só cinzas.

matou a xarada?
bote fé, o mundo gira.

sábado, 5 de julho de 2014

Musicalizando: Seasick Steve.

Se você quer ouvir uma história legal e motivadora para continuar acreditando nos seus sonhos, então conheça a história de Seasick Steve.



sábado, 28 de junho de 2014

Do inverno.

o plano perfeito de hoje
era mais um daqueles
de pé quebrado,
que eu acabo abandonando
pelo caminho.

e me dando mal.

a culpa é da chuva.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Vicissitudes máximas.

Passava das três da madrugada, e essa mulher caminhava sozinha pela calçada. Chovia um pouco. Fazia um pouco de frio, também. Já tinha sido uma noite e tanto, aquela, mas concluí que um pouco mais de emoção não me faria mal. Encostei o Fusca do Amor na calçada e parei bem ao lado dela. Ela parou e me olhou, sem dizer nada. Entra aí, te dou uma carona, disse a ela. Ela nada disse, apenas deu a volta e parou ao lado da porta do carona. Puxei a maçaneta e abri a porta para que ela entrasse. Ela entrou e fechou a porta. Continuou em silêncio. Não me olhava, permanecia quieta olhando fixamente para frente. Ela não era nada mal, tinha lábios cheios de sangue e uma convicção compenetrada no olhar que por si só já fazia todo o restante valer a pena. Liguei o rádio, engatei a primeira e partimos.

- Baby, o que fazes sozinha na rua uma hora dessas?
- Briguei com meu marido, aquele filho-da-puta. Quis me matar com uma faca, olhe. – Ela esticou o braço direito na minha frente e pude ver um belo talho de faca. Tinha um pouco de sangue seco, também.
- Por Deus! Baby. O que você fez de errado?
- Nada. Não fiz nada.
- Mas ele quase te matou.
- Ele se deu mal, isso sim.
- Ah é?
- Consegui cravar uma punhalada naquele filho-da-puta. Em cheio, na barriga. Caiu no chão como um garotinho indefeso, gemendo de dor. Resolvi sair de casa para arejar a cabeça. Você fuma?
- Fumo. – Respondi. Ela, então, tirou um cigarro de sua bolsa e acendeu. E depois, gentilmente, pôs o cigarro nos meus lábios. Pude sentir delicadeza e ternura misturados com o sereno da madrugada. Segui dobrando esquinas. Avistei um bar aberto e encostei.

Os heróis não vêm do céu. Nenhum deles.

Entramos. O bar cheirava à dor, ou indecência, ou morte. Não sei dizer ao certo. Pedi quatro latas de cerveja. Que em seguida vieram e foram postas sobre a mesa. Abri uma, ela outra.

- Como se chama?
- Alvarêz.
- Nunca vi um nome desses. – Disse ela e seguiu entornando sua cerveja.
- Alvarêz Dewïzqe.
- Que nome é esse?
- Polonês. Meus pais eram poloneses. Dewïzqe é um sobrenome polonês. Alvarêz não, é colombiano. Antes de virem para o Brasil meus pais passaram algum tempo na Colômbia. Depois que minha mãe engravidou eles vieram para o Brasil, e como conheciam pouco daqui, resolveram pôr Alvarêz, que foi um nome que eles acharam legal.
- Você é estranho.
- Ó! Obrigado!
- Isso foi um elogio?
- As pessoas costumam me dizer isso. Eu gosto.

Ela riu e abriu a segunda. Matei minha primeira, também, e investi na segunda, também. Ela tirou um cigarro e acendeu. Em seguida pôs em meus lábios. Depois acendeu um para ela, também. Olhei o talho em seu braço, nada mal, um dos bons, uma lembrança para toda a vida. Ela poderia estar morta a essa hora e eu nem saberia. Certamente, àquela hora, havia um punhado de outras mulheres que não tiveram a mesma sorte. Um dia serei eu, e depois você; e os televisores, nem por isso, irão deixar de passar as mesmas novelas, políticos não irão deixar as falsas promessas, igrejas continuarão inchadas de preces estúpidas.

A cerveja irá perdurar até o fim dos tempos. Bote fé.

Ela pegou a lata suada e deslizou por todo o corte, para cima, para baixo. O sangue seco se misturou com a água e parecia como se o sangue tivesse brotado novamente. Fiz sinal para o garçom e ele trouxe mais quatro.

- Sangue combina com o que?
- Com fogo.
- Fogo, mesmo?
- Que combina com amor. Que combina...
- ... Com agonia e gloria.
- É. Você é legal.
- Você é estranho. E legal. Tem medo da morte?
- Não. Tenho medo da não-vida.
- Como assim?
- Deixa pra lá. Gosta de chupar?
- Hum?
- Chupar pintos?
- Nunca chupei um. Nem de meu marido. Nem de meus amantes.
- Houve muitos?
- Amantes?
- Isso.
- Sempre que meu marido me apronta alguma. Saio de casa e cato algum na rua, para me divertir um pouco. – Ela disse isso e se virou para trás numa gargalhada. Vi que seu pescoço era todo marcado com cicatrizes. Entornei um bom gole e gargalhei com ela.

Um cara levantou de sua mesa e seguiu cambaleante até o banheiro. De onde estávamos, era possível ouvir a maneira como vomitava forte, sem parar, sem parar. Depois silêncio, não se ouvia mais nada vindo do banheiro. Nem descarga, nem ninguém saindo de lá.

Estiquei-me e beijei sua boca. Ela apenas fechou os olhos e retribuiu, jogando sua língua de serpente para dentro de minha garganta. Fui até o balcão, peguei mais quatro com o garçom, paguei as doze, puxei ela pela mão e fomos para fora. Entramos no Fusca do Amor, dei a partida e seguimos. Virei à esquerda na bifurcação e segui pela estrada de terra. Eu conhecia o caminho, era o menos esburacado.  Encostei numa rua escura qualquer e me joguei para cima dela. Ela segurou minhas bolas e eu botei uma de suas grandes tetas para fora. (...). Garanti espaço e ela montou. (...). Eu vim e ela junto, no embalo. (...) Por Deus! Ela sacava do negócio.

Ainda tivemos tempos para mais uma, antes de o sol aparecer.

Guiei o Fusca do Amor até o endereço dela. Ela pediu meu número e eu inventei um número qualquer. Ela prometeu me ligar. Eu disse que seria muito bom se ela ligasse.


Não sei se o marido dela sobreviveu à facada. Abri o jornal do dia seguinte, mas pulei as páginas policiais. Fui direto aos classificados. Escolhi o nome mais bonito, Lílian, e disquei.

sábado, 3 de maio de 2014

Todo o vício do mundo

Caminhei até a farmácia, subi na balança e pensei, "que merda". Aguardei o casal à minha frente ser atendido.

- Aqui senhora, esse é o mesmo da receita, só que é mais baratinho.
- Quanto é?
- São três caixas desse, mais uma caixa desse outro. Cento e setenta e quatro reais.
- Mais vale morrer. - Intervim.
- É um trabalho, ele tem que tomar esses remédios, senão começa a falar sem parar, e não fala coisa com coisa. Não deixa eu nem o pai em paz. Ele era caminhoneiro, mas endoidou. Fomos hoje até São Pedro de Alcântara. Ele foi a viagem inteira 'desvia desse buraco, desvia daquele outro', e mexia nos óculos do pai e dizia que o óculos atrapalhava o pai a dirigir. Veja só, um rapaz de vinte e seis anos. Mas o problema todo foi a maconha, saiu por essas estradas e viciou-se em maconha. Ele mesmo diz, 'preciso fumar maconha', e pra se livrar do vício tem que tomar todos esses remédios. E não quer tomar, ficou um dia sem tomar os comprimidos e olha no que deu, fica totalmente agitado e falando sem parar, sem parar, sem parar. Já não sei o que faço, não tenho nem mais vontade de viver, sabe, tudo em função desse filho. Vinte e seis e assim, nesse estado. Tudo por causa da maconha. Agora vive dopado de remédio, senão endoida.
- Deus nos deu uma vida e tem gente que desperdiça assim. - Disse o pai.
- É. - Disse eu.
- Meu Deus, não sei o que faço. - Disse a mãe - Vou para casa dar o comprimido para ele. Boa noite.
- Boa sorte. - Disse eu a ela, e depois que saíram virei para o farmacêutico e pedi uma cartela de comprimidos para dor de cabeça. Paguei pelos comprimidos e voltei para casa. Tomei um e esperei que a dor cessasse. Peguei a garrafa e servi-me uma dose tripla de vodka. Estiquei-me no sofá, acendi um charuto e fiquei pensando em todos os vícios e viciados do mundo.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Misunderstood: Bad english.

          para D.

I still wonder
what was it
that we left
in the ashtray,

I paid the booze
the rent
to see,

I stayed with you
in and out
in the bars
in the hangovers
out on the weekend,

I accepted
all your
mistakes
misconducts
misbehaviors
mistresses
hoping that
at least
you would not miss
my phone number
my birth date
my love poems
my music
my name,

I got it,

I did it bad
bad as the misses of mine
as my booze
my love poems
my love calls
our love nights.

domingo, 20 de abril de 2014

Aberto 24 horas.

           para S.

Nessa imensidão
onde você tinha de tudo
24h por dia
pela metade do preço
hoje se vê uma placa
pendurada na porta
dizendo:
faliu.

lá dentro tem um homem
encostado na parede
sentado no chão
vigiando o que restou
sabendo que os dias glórios
voltarão, um dia
sob nova direção.

sábado, 15 de março de 2014

Pelo país do fututo.

Não quero viver esperando o futuro
Quem sabe eu embarque numa louca viagem
Porque o tempo, o tempo, corre com pressa
E há pedras e flores por todo caminho
        Flores por todo caminho

Quem sabe eu vá para bem longe
Além do alcance dos olhos e das mãos
Bem longe das promessas absurdas
Das mesmas respostas para as mesmas perguntas
            Sempre as mesmas perguntas

Vou me eleger governante de mim mesmo
Caminhar descalço sem ser vigiado
E não será pecado a cor de meus sonhos
Nem será crime o eco de minhas palavras
        Nem a cor de meus sonhos